domingo, 1 de dezembro de 2013

"Talvez a consequência mais desalentadora da minha doença atual - mais deprimente que suas manifestações práticas diárias - é a consciência de que nunca mais andarei de trem. Esta certeza pesa sobre mim como um cobertor de chumbo, que me pressiona cada vez mais para dentro da noção sombria de um final que marca a verdadeira doença terminal: a compreensão de que certas coisas nunca mais acontecerão. Esta ausência é maior do que a mera perda do prazer, a privação da liberdade, a exclusão das novas experiências. Recordando Rilke, ela constitui a perda de mim mesmo, ou, pelo menos, a perda da melhor parte de mim capaz de rapidamente encontrar contentamento e paz. Waterloo nunca mais, paradas no interior nunca mais, solidão nunca mais: não mais tornar-se, só o interminável ser."

Tony Judt, em O Chalé da Memória

Nenhum comentário: